Melasma e intestino

Melasma e Intestino: Ele está piorando as suas manchas?

A relação entre o microbioma intestinal e a saúde tem sido objeto de intensa pesquisa. Estudos indicam uma interdependência entre a microbiota e o hospedeiro, sendo interrupções nesse equilíbrio associadas a consequências importantes1. A disbiose intestinal, caracterizada por alterações no equilíbrio da microbiota, pode influenciar o desenvolvimento de doenças inflamatórias em órgãos distantes, como a pele2.

O "Eixo Intestino-Pele"

A existência do "eixo intestino-pele" é respaldada por evidências de que células secretoras de peptídeos com função regulatória na pele, cérebro e intestino têm origem embrionária semelhante3. Esse conceito ganha ainda mais relevância considerando a influência do estado emocional no estado inflamatório do indivíduo4.

Estudos Clínicos com Probióticos

O uso de probióticos para modular a flora intestinal e obter resultados positivos na pele é uma prática antiga, embora não haja uma padronização para doses ou cepas específicas5. A pesquisa abrange várias doenças dermatológicas, incluindo melasma.

Melasma e Probióticos: Estudo Recente

Um estudo recente explorou a eficácia dos simbióticos (combinando prebióticos e probióticos) no tratamento do melasma6. A combinação incluía Lactococcus lactis, Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus casei, Bifidobacterium longum, Bifidobacterium infantis, Bifidobacterium bifidum e fruto-oligosacarídeo.

Resultados do Estudo

O estudo, duplo-cego e randomizado, envolveu 30 voluntárias com melasma, que receberam o simbiótico, e 30 voluntárias que receberam placebo. A severidade do melasma melhorou significativamente no grupo tratado com simbióticos em comparação com o placebo. As avaliações dermatológicas e medições de melanina e eritema corroboraram esses resultados6.

Intestino e Outras Doenças de Pele

Dermatite Atópica: A dermatite atópica (DA), caracterizada por colonização excessiva de bactérias patogênicas, está relacionada à disfunção da barreira epidérmica e desregulação imunológica. Estudos mostram que a modulação da microbiota intestinal pode influenciar significativamente o desfecho clínico da DA, com redução dos valores de SCORAD (Scoring Atopic Dermatitis) em crianças.

Acne: A acne, relacionada à unidade pilossebácea, tem sua patogênese influenciada por fatores como dieta e microbioma intestinal. Estudos indicam que a suplementação oral de probióticos, como Lactobacillus rhamnosus, pode melhorar a aparência da acne em adultos. Além disso, a combinação de probióticos e minociclina mostrou redução significativa na contagem total de lesões, sugerindo uma abordagem sinérgica.

Psoríase: A psoríase, uma doença genética imunomediada, está associada à disbiose intestinal e à ativação das células Th17. Estudos mostram que a suplementação com probióticos, como Lactobacillus pentosus e Bifidobacterium infantis, pode reduzir lesões e níveis de citocinas pró-inflamatórias em pacientes com psoríase.

Rosácea: A rosácea, uma condição inflamatória da pele, está ligada ao desequilíbrio do microbioma intestinal. Estudos indicam que a erradicação do supercrescimento bacteriano do intestino delgado pode induzir regressão das lesões cutâneas na rosácea. A administração de probióticos, como Bifidobacterium breve, pode melhorar os sintomas cutâneos e oculares.

Fotoenvelhecimento: A exposição à radiação ultravioleta (RUV) é um importante indutor do envelhecimento extrínseco. Estudos sugerem que a administração de probióticos, como Lactobacillus johnsonii e Bifidobacterium breve, pode proteger a pele contra os efeitos nocivos da RUV, incluindo a redução da formação de rugas finas e o aumento da resistência à perda de água transepidermal.

Rejuvenescimento: O uso de probióticos também demonstra benefícios no rejuvenescimento da pele. Estudos clínicos mostram que a administração de Lactobacillus plantarum pode suprimir a perda de água transepidermal, reduzir a profundidade das rugas e aumentar a elasticidade da pele em indivíduos com pele seca e rugas.

Incluindo Alimentos Prebióticos e Probióticos na Sua Alimentação

A manutenção do equilíbrio do microbioma intestinal, essencial para a saúde da pele, pode ser alcançada através da inclusão consciente de alimentos prebióticos e probióticos em sua dieta. Esses alimentos desempenham um papel crucial na promoção do crescimento de bactérias benéficas no intestino, contribuindo para o fortalecimento do sistema imunológico e a melhoria da saúde dermatológica.

  • Alimentos Probióticos: Contêm microrganismos vivos, especialmente bactérias benéficas, que proporcionam benefícios à saúde quando consumidos em quantidades adequadas.



  • Iogurte: Escolha iogurtes naturais e fermentados, que contêm culturas vivas de bactérias benéficas, como o Lactobacillus e o Bifidobacterium.



  • Kefir: Uma bebida fermentada que oferece uma variedade de cepas probióticas.



  • Chucrute: Repolho fermentado, uma fonte excelente de probióticos.



  • Kombucha: Uma bebida fermentada à base de chá, conhecida por suas propriedades probióticas.



  • Kimchi: Uma iguaria coreana feita de vegetais fermentados, como repolho e rabanete.



  • Missô: Uma pasta fermentada de soja, comum na culinária japonesa.



  • Alimentos Prebióticos: São substâncias não digeríveis que servem como alimento para as bactérias benéficas no intestino, promovendo seu crescimento e atividade.



  • Alho: Além de adicionar sabor às suas refeições, o alho é uma excelente fonte de prebióticos.



  • Cebola: Crua ou cozida, a cebola é rica em fibras não digeríveis.



  • Banana Verde: Contém amido resistente, um tipo de fibra prebiótica.



  • Alcachofra: Rica em fibras prebióticas que promovem a saúde intestinal.



  • Aveia: Uma opção de café da manhã nutritiva que também é uma fonte de fibras prebióticas.



Ao incorporar esses alimentos de forma equilibrada em sua dieta, você pode favorecer a saúde do seu microbioma intestinal, potencialmente contribuindo para a melhoria de condições dermatológicas, como o melasma. Lembre-se de consultar um profissional de saúde antes de fazer mudanças significativas na sua dieta, especialmente se houver condições de saúde específicas a considerar.



Rapidinhas da Rituária



1. Como a disbiose intestinal pode impactar a saúde da pele, especialmente o melasma?

A disbiose intestinal, caracterizada por mudanças na microbiota, pode influenciar o desenvolvimento de doenças inflamatórias na pele, como o melasma. Estudos indicam uma interdependência crucial entre a microbiota e o hospedeiro.



2. Qual é a relevância do "eixo intestino-pele" e como ele está relacionado ao melasma?

O "eixo intestino-pele" é respaldado por evidências que revelam uma origem embrionária comum de células regulatórias na pele, cérebro e intestino. Esse conceito ganha relevância ao considerar a influência do estado emocional no estado inflamatório, impactando o melasma.



3. Como os probióticos, especialmente simbióticos, podem contribuir para o tratamento do melasma, de acordo com o estudo mencionado?

O estudo recente explorou simbióticos contendo cepas como Lactococcus lactis, Lactobacillus acidophilus, Bifidobacterium longum, entre outros, e mostrou melhorias significativas no melasma. A combinação de probióticos e prebióticos apresenta potencial promissor, mas são necessárias mais pesquisas para otimizar as cepas, doses e regimes de tratamento.



Conclusão

O equilíbrio do microbioma humano desempenha um papel crucial na saúde da pele, e a suplementação com probióticos emerge como uma abordagem promissora no tratamento de diversas doenças dermatológicas. Este cenário é respaldado pelo crescente número de estudos que destacam os benefícios significativos dos probióticos, tanto quando utilizados de forma isolada quanto em conjunto com terapias convencionais.

A relação específica entre o microbioma intestinal e o melasma se torna cada vez mais evidente. A modulação da microbiota, especialmente por meio do uso de probióticos e simbióticos, demonstra potencial para melhorar os sintomas dessa condição cutânea. No entanto, para otimizar essa abordagem, é crucial realizar mais pesquisas a fim de compreender completamente as cepas mais efetivas, determinar as doses ideais e estabelecer regimes de tratamento apropriados.

O avanço contínuo nessa área não apenas ampliará as opções terapêuticas disponíveis, mas também contribuirá para uma compreensão mais abrangente da complexa interação entre o intestino e a pele, consolidando os probióticos como ferramentas valiosas na promoção da saúde cutânea.

Como complemento a essa abordagem integrativa, o uso de uma fórmula para melasma com ativos tópicos eficazes pode potencializar ainda mais os resultados no clareamento da pele, atuando diretamente nas áreas afetadas.

Referências



  1. Organização Mundial da Saúde (OMS). Probiotics in food. Health and nutritional properties and guidelines for evaluation. Geneva: World Health Organization; 2001.



  1. Belkaid Y, Hand TW. Role of the microbiota in immunity and inflammation. Cell. 2014;157(1):121-141.



  1. Hirsch T, Spielmann M, Velander P, et al. Expression of classical pro-inflammatory cytokines is decreased in burned skin. Burns. 2009;35(3):362-369.



  1. Lomax AE, Sharkey KA. Furness JB. The participation of the sympathetic innervation of the gastrointestinal tract in disease states. Neurogastroenterol Motil. 2010;22(1):7-18.



  1. Guarner F, Malagelada JR. Gut flora in health and disease. Lancet. 2003;361(9356):512-519.



  1. Piyavatin P, Chaichalotornkul S, Nararatwanchai T, Bumrungpert A, Saiwichai T. Synbiotics Supplement Effectively Improves Melasma. J Cosmet Dermatol. 2021 Jan 21. doi: 10.1111/jocd.13955. Epub ahead of print. PMID: 33474815.
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